O evangelista João tem a preocupação de mostrar que o grande gesto messiânico de Jesus é algo de pura gratuidade. O povo faminto precisa de alimento. Ele satisfaz a multidão. Mas na hora em que o pensamento de todos se volta para o lado político, Jesus se afasta. Não veio ele ao mundo, na encarnação, para ser governante, mas para refletir, em palavras e atos, mostrando os caminhos do Reino.
A iniciativa, dando os primeiros passos para saciar as pessoas, é tão somente de Jesus. É ele quem aciona seu discípulo Filipe. A informação de André, segundo a qual havia até um menino com cinco pães de cevada e dois peixes, foi suficiente para Jesus, mesmo sem falar, dar início ao gesto de partilha.
Pão de cevada é pão dos pobres. Os ricos se alimentavam do pão feito com trigo.
Todos, incluindo os discípulos, presenciam o gesto (sinal) de Jesus que é transparente. Mas de onde estão vindo os pães?
É momento de dar passos no mistério da presença física de Jesus no meio da comunidade: vem de Deus. O esclarecimento pleno desse sinal vem logo a seguir, no mesmo capítulo seis de João. No “discurso do pão da vida”.
João faz questão de informar que a quantidade de pão que sobrou foi também grande. Mas faz questão de mostrar que o que é de obra de Deus, em Jesus Cristo não pode se perder.
A grande reação do povo é a de manifestar que Jesus é “o profeta que deve vir ao mundo”. Como Moisés saciara a fome do povo na travessia do deserto, Jesus está fazendo o mesmo. Certamente desejo que essa necessidade tenha a intervenção do Mestre a cada momento. É algo do comodismo do ser humano?
Como conclusão do episódio, o evangelista mostra a intenção do povo: proclamar Jesus como rei. Seria muito fácil viver sob a tutela de um rei que satisfaria as necessidades básicas do ser humano a cada momento. Mas o caminho do reino não é este. Jesus se recusa a ser um governante terreno. Deu possibilidade do povo pensar em seu messianismo. Isto basta.