O episódio narrado no Evangelho desta celebração marcou a última etapa do caminho de Jesus, rumo a Jerusalém. Não é apenas no sentido geográfico. É acima de tudo, sua conclusão no meio do povo ensinando os discípulos para o Pai, e a cura do cego de Jericó coroa a seção de orientação dos discípulos. É o arremate do itinerário do discipulado.
Jesus não está só. Com ele estão os que ele escolheu e uma grande multidão.
Cena muito falante: Jesus e discípulos focados em um objetivo – caminho de Jerusalém. O cego à margem, da estrada e da vida. Do cego é citado apenas o nome do seu pai: Timeu. Quem está focado em apenas um objetivo se sente incomodado com os apelos do cego. Estes querem até contê-lo. Que se cale. Mas o grito do cego continua. É uma profissão de fé. Filho de Davi: título que os judeus davam ao Messias, de quem esperavam a restauração do reino de Israel.
Mas Jesus está atento ao que acontece no acostamento da estrada.
Quando Jesus o chama a multidão o encoraja. Não podia esperar mais tempo. Imediatamente se põe de pé. Deixou para trás tudo o que possuía para ir até Jesus. Ele era mendigo e o manto lhe servia também para recolher os donativos que recebia como esmola.
Vem então a pergunta de Jesus: “o que queres que eu te faça?” O cego está decidido e responde prontamente: “Mestre, que eu veja”. O ver é mais que um ato físico. Tem também um peso teológico. É um “comprometer-se com”. E como Mestre, Jesus não só o curou, mas o enviou. O ex cego passa a segui-lo pelo caminho.
Em Marcos este é o último ato portentoso de Jesus, antes da chegada a Jerusalém.
Os leitores de Marcos e nós precisamos de ser curado de tantas cegueiras, que o mundo atual nos oferece.