Vamos nos deter um pouco contemplando a narrativa que o Discípulo Amado nos apresenta, neste capítulo dois. João retrata, em uma festa de bodas, uma situação de carência. Nas circunstâncias narradas percebemos a ação de Maria. Aquela que é a discípula das discípulas. Assume ela o discipulado como estilo de vida, embora no início das apresentações públicas de Jesus.
Tudo nela, seus gestos, suas palavras, seus sentimentos, seu jeito de servir estão direcionados para o próprio Jesus Cristo. Maria é mãe de Jesus, mas também se apresenta como discípula. Ela é sabedora que ele é o Filho de Deus e Salvador do mundo. Ela, como a primeira discípula, dá o tom do que vem a ser o verdadeiro discipulado: fazer a vontade de Jesus.
Pode haver, por acaso, uma vida em Cristo sem o discipulado? Querer tudo o que Jesus pode dar desde que não haja seguimento. Muito menos compromisso. Podemos assumir um princípio de vida buscando tudo o que Jesus pode dar desde que sejam situações pontuais. Será um amor a Jesus visando o que ele pode dar e faz por nós, mas nos distanciamos daquilo que devemos fazer seguindo-o.
Em sua fala Maria nos revela uma verdade bem singular: Jesus se apresenta a nós como Senhor e, consequentemente, deveríamos fazer tudo o que ele nos propor e ordenar. Podemos ter uma tendência, às vezes até pretensão de inverter as posições. Vamos ao auge da ousadia de pretender determinar o que Jesus pode ou não fazer em relação a nós. Seria o atrevimento de querer transformar Jesus num servo requintado que está à disposição sempre para fazer a vontade de cada um no próprio momento oportuno.
A plenitude de Jesus em nós é querida. Não, porém, dedicar a ele completamente.
A espiritualidade de Maria segue em posição oposto. Por isso ela indica o bom caminho pelo qual se deve viver o discipulado. Nela se pode perceber que é o verdadeiro ou falso discípulo. Maria vivia a dimensão da obediência e do serviço. São estas características indicativas da melhor maneira de fazer-se discípulo.
Maria estabelece também a esperança como princípio de comportamento. O que ela está vendo e esperando não é o definitivo. Falta ainda a ação de Jesus, que virá com o vinho melhor. Através dos olhos dessa discípula podemos ver além e enxergar a plenitude daquilo que nos falta, tanto no hoje quanto no amanhã de nossa vida.
Somos verdadeiros discípulos?